segunda-feira, 12 de novembro de 2018

“Farmácia caseira”: Como a armazenagem incorreta influência na qualidade dos medicamentos?

    Para que os medicamentos funcionem da forma esperada e com o efeito correto, eles devem ser formulados, embalados, transportados, armazenados e dispensados ao consumidor final da maneira correta, de forma a garantir a máxima segurança quando da administração do medicamento ao paciente. 
    Nesta postagem, daremos maior enfoque ao armazenamento dos medicamentos, especificamente, ao armazenamento domiciliar e aos cuidados que devemos nos atentar!


    É muito comum encontrarmos nas casas brasileiras a famosa “farmacinha”, uma caixa que contém medicamentos diversos, sejam estes isentos de prescrição (MIP’s - Medicamentos Isentos de Prescrição), os mais comuns de encontrarmos, ou até mesmo medicamentos com venda apenas sob prescrição médica. Ter os medicamentos armazenados em casa pode parecer simples e até mais cômodo, evitando a ida às farmácias e drogarias com certa frequência e facilitando o acesso quando em um momento de dor ou desconforto, porém, é necessário ter em mente que a armazenagem correta dos medicamentos é tão importante quanto a sua correta formulação.



    Se um medicamento estiver com o seu estado normal alterado, essa alteração pode não só comprometer sua função farmacológica (ou seja, o seu efeito esperado) deixando o fármaco inativo, como também pode deixar o medicamento nocivo ao paciente, podendo causar reações indesejadas. Nas indústrias farmacêuticas e estabelecimentos de saúde, inúmeras normas e boas práticas são seguidas a fim de assegurar ao consumidor final um medicamento de qualidade, e se buscarmos no site da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) podemos ter acesso a essas normas e regulamentações necessárias. 

   Buscando na literatura, encontramos pesquisas voltadas ao estudo da armazenagem de medicamentos nos domicílios brasileiros. Em um dos artigos, foi visto que dentre 101 domicílios visitados, 98 possuíam ao menos um medicamento guardado. Dentre os dados levantados neste estudo, os mais interessantes e relevantes nesta postagem são em relação aos locais de armazenamento dos medicamentos: 43% armazenados na cozinha; 28% em dormitórios e 14% em banheiros. Além do armazenamento, foi também levantada a questão da validade dos medicamentos e o quanto esse fator era seguido pelos pacientes. A data de validade foi encontrada em 83% dos medicamentos analisados e destes, 16% estavam com o prazo de validade ultrapassado.
      Mas então, quais cuidados e atenção devemos ter com essa armazenagem? O calor é um dos fatores responsáveis por alterações nos medicamentos, podendo alterar a estrutura e funcionamento da molécula do princípio ativo (fármaco, responsável pelo efeito esperado do medicamento) ou mesmo alterar excipientes/veículos que proporcionam ao medicamento as características necessárias para sua ideal absorção, distribuição e biodisponibilidade no organismo, para dessa forma desempenhar seu efeito esperado. 
        Portanto, concluímos que não é recomendado armazenar os medicamentos em locais que possam ter variações de temperaturas, como banheiro, na cozinha próximo ao fogão. Variações de temperatura com aumento em 10°C já aumentam cerca de 4 a 5 vezes a degradação de um fármaco. Locais onde há exposição solar também devem ser evitados, pois além da temperatura, alguns fármacos podem ser fotossensíveis, ou seja, sofrerem danos quando em contato com a luz, devendo estar armazenados ao abrigo de luz. Da mesma forma que não é recomendado deixar o medicamento exposto ao calor e à luz, também não é recomendado armazenar em refrigerador ou geladeiras, a não ser que isso for explicitado na bula, que deve sempre ser lida e seguida, e mesmo nesses casos, não podemos congelar o medicamento.


    Pensando no armazenamento em banheiros, seus malefícios além da variação de temperatura também estão relacionados a alta umidade ocasionada pelos banhos. A água que um medicamento contém é a quantidade adequada para sua formulação e sua ideal atividade, e a umidade em excesso pode prejudicar o fármaco principalmente quando pensamos que ambientes úmidos facilitam o desenvolvimento de micro-organismos como fungos e bactérias.
    Conforme constatado em mais de um estudo, a validade dos medicamentos presentes nas farmácias domiciliares é também um grande problema enfrentado, visto que os consumidores tendem a guardar os medicamentos vencidos, podendo consumir após a data de validade, o que, assim como as demais exposições citadas anteriormente, tem a possibilidade de causar alterações significativas nos fármacos, que podem perder seu efeito ou se tornarem nocivos. Além disso, é importante citar o fato de que o descarte dos medicamentos vencidos ou mesmo dentro do prazo de validade não devem ser realizados de qualquer maneira. Não podemos descartar medicamentos em lixo comum ou na pia/vaso sanitário, como se sabe que é o realizado pela maior parte da população, que não tem orientações adequadas sobre o descarte correto.



     Disso, podemos entender a importância no correto armazenamento dos nossos medicamentos! Eles devem ser utilizados visando o efeito para o qual foram desenvolvidos, e portanto deve preservar suas características esperadas, que foram muito estudadas, adaptação destas até o medicamento ser lançado no mercado. Outro ponto que não podemos deixar de dizer: a procura de um médico ou farmacêutico é essencial para evitarmos a automedicação e possível eventos adversos decorrentes do uso dos medicamentos. 



Referências Bibliográficas: 

SCHENKEL, Eloir Paulo; FERNÁNDES, Luciana Carvalho; MENGUE, Sotero Serrate. Como São Armazenados Os Medicamentos nos Domicílios? Programa de Pós Graduação em ciências farmacêuticas da Universidade do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 

FIGUEIREDO, Márcia Cançado; BONACINA, Caroline Maria; ORTIZ, Flavia Tomedi. Armazenagem de medicamentos em domicílios pelos moradores do bairro figueirinha, em, Xangri-lá, RS. Faculdade de Odontologia da Universidade do Rio Grande do Sul.

#TEXTO ESPECIAL: O que são Formulações Farmacêuticas?

    A farmacotécnica é basicamente o estudo do preparo de medicamentos, ela analisa todo o processo da transformação da matéria prima (princípio ativo) na apresentação final do medicamento que encontramos em farmácias e drogarias.
    A administração de um medicamento sempre precisa ser facilitado para se obter um bom resultado, deste modo necessita-se que o princípio ativo seja adaptado. As Formas Farmacêuticas são as diferentes formas físicas que os fármacos podem ser apresentados, para o seu uso pelo paciente ou para a administração por um profissional.

Quais são as formas farmacêuticas?

Abaixo, um esquema das possíveis apresentações de um fármaco.



    A apresentação do fármaco está ligada também à via de administração, que nada mais é que a porta de entrada do fármaco no corpo que pode ser:
  • Via oral → Administrados pela boca e assumem as formas de: Comprimido, cápsula, pastilhas, drágeas, pós para reconstituição, gotas, xarope, solução oral, suspensão;
  • Via sublingual → Geralmente são comprimidos que são colocados embaixo da língua;
  • Via parenteral → São as famosas injeções e assumem duas formas distintas: soluções e suspensões injetáveis;
  • Via cutânea → Uso tópico, ou seja de aplicação na pele e podem ser cremes, pomadas, soluções tópicas, loção, gel adesivos;
  • Via nasal → através do nariz e suas formas podem ser em spray e gotas nasais;
  • Via oftálmica → colírio para os olhos ou também em forma de pomada;
  • Via auricular → as formas comuns são as gotas auriculares ou otológicas e pomadas auriculares;
  • Via pulmonar → apresentação gasosa em aerosol, que são as bombinhas;
  • Via Vaginal → Comprimidos vaginais, cremes, pomadas, óvulos;
  • Via Retal → Supositórios e enema;
    A escolha da via de administração é fundamental, e depende do tipo de ação desejada e também da rapidez com que o medicamento irá fazer efeito no organismo.

Vamos conhecer um pouco mais sobre cada Forma Farmacêutica!

  • Formas Farmacêuticas Sólidas:
Cápsula: o medicamento (sólido ou líquido) é envolvido por uma capa de substância gelatinosa, normalmente no formato cilíndrico tem como objetivo eliminar o sabor e/ou o odor desagradável do medicamento facilitando a administração.




Comprimido: o medicamento sólido (pó ou grânulo) é submetido a um processo de compressão o qual se dá um formato específico. Os comprimidos podem ou não ser revestidos por substância açucarada.


Drágea: normalmente é um comprimido revestido por alguma substância que resiste à passagem pelo estômago para proteger e garantir que o princípio ativo seja liberado no intestino.

     

Granulado: geralmente em sachês, constitui-se de pequenos grãos para dissolução em água podendo ser efervescente ou não dessa forma o medicamento fica com aspecto líquido o que favorece a ingestão.


Óvulo: medicamento sólido oval destinado à aplicação vaginal.


Pastilha: essa forma apresenta a capacidade de dissolver-se lentamente na cavidade bucal. Encontra-se disponível em vários sabores para satisfazer o paladar do paciente, facilitando seu uso.



Pó: existem dois tipos de medicamento em pó divide-se em dois tipos: os que são facilmente solúveis em água e os não solúveis em água, é vantajoso pois podem ser misturado em alimentos, para disfarçar o sabor desagradável quando houver.


Supositório: medicamento com finalidade de administração por via retal, por exemplo o supositório de glicerina como laxante.




  • Formas farmacêuticas Semi-Sólida:
Creme: emulsão (mistura entre duas substâncias imiscíveis) semi-sólida composta por água e óleo, possui uma boa penetração na pele.


Gel: apresentação a qual é constituída por um agente geleificante (de origem gelatinosa) que confere esse aspecto a produto.


Loção: É a preparação líquida aquosa ou hidroalcoólica, com viscosidade variável, para aplicação na pele, incluindo o couro cabeludo. Pode ser solução, emulsão ou suspensão contendo um ou mais princípios ativos ou adjuvantes.


Pasta: É a pomada contendo grande quantidade de sólidos em dispersão (pelo menos 25%). Produz efeito protetor, oclusivo e secante na pele onde é aplicada.


Pomada: preparado de consistência pastosa, preferencialmente oleosa e de fácil adesão ao local de aplicação e apresenta pouca penetração na pele.


Unguento: medicamento de uso externo com aspecto de papa que tem por base uma substância gordurosa, utilizado em áreas do organismo que estejam doloridas ou inflamadas. Pode ser extraído de plantas, gordura de animais ou resíduos minerais.






  • Formas farmacêuticas líquidas:
Elixir: É a preparação farmacêutica, líquida, hidroalcoólica apresentando teor alcoólico na faixa de 20% a 50%.

Emulsão: consiste de um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) através de outro líquido (fase externa ou contínua).

Suspensão: é uma forma de apresentação em que se percebe visualmente a forma sólida e a forma líquida que torna-se homogênea ao agitar-se o frasco.


Xarope: Caracterizado pela alta viscosidade, que apresenta não menos que 45% de sacarose ou outros açúcares na sua composição. Há também sua versão dietética.


Solução: dispersão do princípio ativo em um líquido, que na maioria das vezes é água.


Tintura: Medicamento hidroalcoólica ou alcoólico proveniente da diluição ou extração de drogas vegetais ou animais.



  • Forma farmacêutica gasosa:
Aerossol: medicamento em forma de partículas suspensas em gás.




    É importante saber que cada Forma Farmacêutica possui uma finalidade diferente, mas que todas visam SEMPRE atender as necessidades das pessoas que buscam uma farmacoterapia confortável, segura , cômoda que atenda suas necessidades e acima de tudo eficaz.




Referências Bibliográficas:

Cartilha online: "O que devemos saber sobre medicamentos” lançada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Farmacopeia Brasileira (ANVISA) Volume 15ª edição.
Acesso em 9 de novembro de 2018.

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS - 5 CERTOS PARA A SEGURANÇA DE SEU PACIENTE:
Miranda Barreto, Ana Paula / dos Santos, Fabiano Rodrigues / Monterisi Nunes, Madalena / Sala Jeronimo, Rodrigo
2a edição.

#2 Estudo em foco: Importância sobre o uso de medicamentos isentos de prescrição em pacientes diabéticos.

Antes da leitura desta matéria, recomendamos a leitura de outro texto, também deste blog, sobre:
#O que fazer? Sou diabética e estou com o nariz congestionado, uso Descongex Plus em gotas no entanto agora só tenho Descongex Xarope, posso tomar? Qual a diferença dessas formulações?


Um estudo de revisão bibliográfica avaliou a utilização de medicamentos isentos de prescrição por pacientes diabéticos 

    Foram analisados uso de agentes fitoterápicos, antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) e produtos para tosse e resfriado (descongestionantes).
     Nos Estados Unidos, 334 dos 1011 entrevistados relataram ter tomado mais do que a dose recomendada de medicamentos isentos de prescrição. Desse subconjunto, 69% disseram que seria mais do que uma dose única de pílulas em uma única vez, enquanto 63% relataram que poderia significar mais.
         As população com diabetes também recorrem a medicamentos vendidos sem prescrição médica para uma quantidade de doenças. O foco da revisão então foi o impacto dos medicamentos isentos de prescrição neste grupo de pacientes.

    Três tipos de medicamentos de venda livre foram selecionados: agentes fitoterápicos, medicamentos antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) e produtos para tosse / resfriado. 

     O estudo de revisão demonstrou que os descongestionantes orais compartilham muitas das mesmas propriedades de atividade estrutural que as anfetaminas e, por extensão, um perfil de efeito colateral similar (porém mais suave). Além de aliviar parte do congestionamento, os agentes orais possuem o potencial negativo para efeitos cardiovasculares, alterações no nível de açúcar no sangue, hipertrofia prostática, interações medicamentosas e efeitos no Sistema Nervoso Central (especialmente em idosos).
       Tendo em vista esses efeitos o estudo sugere que é prudente evitar o uso de descongestionantes orais por pessoas com diabetes e hipertensão . Os estímulos que controlam o açúcar no sangue são complexos, mas tais agentes podem aumentar os níveis de glicose no sangue.


Referência bibliográfica:
Taylor, J BSP. Over-the-Counter Medicines and Diabetes Care. Canadian Journal of Diabetes Volume 41, Issue 6, December 2017, Pages 551-557

#O que fazer? Sou diabética e estou com o nariz congestionado, uso Descongex Plus em gotas no entanto agora só tenho Descongex Xarope, posso tomar? Qual a diferença dessas formulações?



    Decongex Plus é um medicamento cuja formulação é composta por um descongestionante (desentupidor) nasal de efeito rápido e um antialérgico, que controlam e reduzem os sintomas relacionados à gripe, ao resfriado, à rinite e à sinusite (doença que afeta as cavidades existentes ao redor do nariz), alérgicas ou não, além de diminuir o excesso de secreção nasal (coriza).
        Para esclarecer melhor quando se deve usar Descongex Plus em gotas ou Xarope devemos avaliar a composição de cada formulação.
Mesmo medicamento em diferentes formulas farmacêuticas

Descongex Plus:


APRESENTAÇÕES Solução oral (gotas) 2 mg/ml + 2,5 mg/ml: frasco com 20 ml .
USO ORAL USO PEDIÁTRICO ACIMA DE 2 ANOS COMPOSIÇÃO Cada ml da solução oral (gotas) de Decongex Plus contém: 
maleato de bronfeniramina.............................. 2 mg
cloridrato de fenilefrina .................................. 2,5 mg 
Excipientes: ciclamato de sódio, glicerol, propilparabeno, sorbitol, ácido cítrico, álcool etílico, citrato de sódio di-hidratado, corante vermelho FD&C nº 40, aroma artificial de morango, metilparabeno e água purificada. 


APRESENTAÇÕES Xarope 2mg/5mL + 5 mg/5mL: frasco com 120 mL + copo-medida de 10 mL. 
USO ORAL USO ADULTO E PEDIÁTRICO ACIMA DE 2 ANOS COMPOSIÇÃO Cada 5 mL de xarope de Decongex Plus contém: 
maleato de bronfeniramina .................................... 2 mg 
cloridrato de fenilefrina .......................................... 5 mg 
Excipientes: sorbitol, glicerol, álcool etílico, metilparabeno, propilparabeno, ácido cítrico, citrato de sódio di-hidratado, sacarose, corante amarelo FD&C nº5, corante vermelho FDC nº40, aroma artificial de framboesa, aroma artificial de tutti-frutti e água purificada.

       Avaliando a composição de cada formulação podemos ver que o que difere na composição de cada formulação é a presença de sacarose no xarope. A sacarose é utilizada para dar sabor mais doce e viscosidade ao xarope. Considerando a presença de açúcar no xarope o mesmo deve ser consumido com muita cautela por diabéticos.
       Tendo em vista esses efeitos estudos sugerem que é prudente evitar o uso de descongestionantes orais por pessoas com diabetes e hipertensão . Os estímulos que controlam o açúcar no sangue são complexos, mas tais agentes podem aumentar os níveis de glicose no sangue.


Leia também: #2 Estudo em foco: Importância sobre o uso de medicamentos isentos de prescrição em pacientes diabéticos.



Bula Descongex Plus Anvisa
Disponível em : http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=5582212014&pIdAnexo=2121687-
Acesso em 11 de novembro de 2018.

#O que fazer? Meu avô tem micose superficial,e comprou cetoconazol em creme sem prescrição. O que é um creme? É confiável?


Como é feito um creme? 

Antifúngico em creme é confiável?


A micose é uma doença causada por fungos que podem acometer a pele, unhas, couro cabeludo, virilha e região genital, levando ao aparecimento de diversos sintomas de acordo com o local de infecção.


    Os cremes são emulsões que são definidas como uma mistura de dois líquidos imiscíveis (que não se misturam), constituídos de uma fase dispersa (interna) insolúvel na fase dispersante (externa), e um terceiro componente, que é o agente tensoativo ou emulsificante, responsável pela união destas duas fases.
    De acordo a predominância da fase e tipo de emulsificante temos: Emulsões óleo em água (O/A) onde o óleo é a fase interna, emulsões água em óleo (A/O) em que a água é a fase interna e ainda emulsões múltiplas (A/OA ou O/A/O).

Tipos de emulsões

    Quando juntamos dois líquidos imiscíveis, existe uma força que faz com que cada um deles resista à fragmentação em partículas menores chamada tensão interfacial. Os emulsificantes são substâncias que reduzem a tensão interfacial entre os líquidos imiscíveis e permitem a sua mistura dando estabilidade à formulação.
    As emulsões têm sido muito utilizadas na área farmacêutica, pela sua capacidade de veiculação de princípios ativos hidrossolúveis e/ou lipossolúveis, pela diminuição da irritabilidade dérmica de certos fármacos e, principalmente, pela boa aceitação por parte do paciente. Este fenômeno explica-se pelo fato de a emulsão possuir facilidade no processo de aplicação e remoção em caso de alergia

    Os principais componentes das emulsões são os que compõem a fase aquosa, fase oleosa e emulsificantes, além de ser incorporados compostos com finalidades específicas como conservantes, antioxidantes, umectantes entre outros.

Preparando um Creme: Creme Lanette emulsão (O/A)
Este creme é indicado para ser utilizado como veículo para preparação de cosméticos e medicamentos.

Formulação:
Lanette N..........................................................15 g
Cetiol V (oleato de decila).................................3 g
Óleo Mineral(vaselina)......................................2 g
Propilenoglicol...................................................5 g
Nipagin ..........................................................0,15 g
Nipazol...........................................................0,05 g
Água destilada ..................q.s.p.....................100 g
Quantidade a ser preparada: 150 g

Método de preparo: Pesar os componentes da fórmula separadamente em recipientes adequados. Em béquer, aquecer separadamente a fase oleosa (Lanette, vaselina, cetiol e nipazol) da fase aquosa (propilenoglicol, nipagin e q.s. de água destilada) até 80ºC homogeneizando. Transferir rapidamente a FO para o cálice graduado. Verter a FA sobre a FO em forma de fio (as duas fases devem estar na mesma temperatura). Completar o volume com água destilada. Agitar até resfriar e tomar consistência de creme. Adicionar q.s. de essência. Acondicionar e rotular.


Manipulação de creme Lanette


Antifúngico em creme é sim confiável!

Pode deixar o vô usar.


Cetoconazol em creme, MIP.
    Do ponto de vista farmacêutico, uma formulação deve ser compatível com princípios ativos, e com todos os componentes presentes na formulação, não ser irritante, nem se degradar. Além disso, deve ser estável, ou seja, deve se manter as mesmas propriedades e características que tinha no momento em que finalizou a sua fabricação por um período de tempo determinado.
    Após o prepara de emulsões farmacêuticas são realizados diversos testes para avaliar a estabilidade do produto como testes de centrifugação, estresse térmico e ciclo gela-degela, e suas características organolépticas como cor, textura, brilho e físico-químicas são avaliadas no início e no final de cada ensaio. Além desses testes, quando se fala de emulsões farmacêuticas são realizados testes de espalhabilidade, que é uma das características essenciais dessas formas farmacêuticas, pois está intimamente relacionada com sua aplicação no local de absorção ou ação. 



Referências Bibliográficas:

Casteli C, et al. Desenvolvimento e estudos de estabilidade preliminares de emulsões O/A contendo Cetoconazol 2,0%. Acta Scientiarum. Health Sciences, vol. 30, núm. 2, 2008, pp. 121-128 Universidade Estadual de Maringá Maringá, Brasil

Zanin, S. M. W. et al. Parâmetros Físicos no Estudo da Estabilidade das emulsões. Departamento de farmácia, Universidade do Paraná.

Bula Cetoconazol Creme Anvisa
Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=15632022017&pIdAnexo=8454585 
Acesso em 10 de novembro de 2018.

Mazzola, P, G. Aulas práticas de farmacotécnica. Universidade Estadual de Campinas. Campinas,- SP, 2018. (Apostila)

domingo, 11 de novembro de 2018

#1 Estudos em foco: Uso de Bacitracina (pomada antibiótica de compra livre) na prevenção de infecções esternais

   Antes da leitura desta matéria, recomendamos a leitura de outro texto, também deste blog, sobre a pomada de bacitracina (Nebacetin): Antibióticos sem receita existe? Sim! Quais são permitidos e quais as suas formas farmacêuticas?

   Fez-se uma revisão retrospectiva de todos os casos de cirurgia de revascularização do miocárdio e cirurgia valvar realizados em uma única instituição entre 2006 e 2015 (totalizando o número de 1.495 procedimentos cirúrgicos). 
   Antibióticos intravenosos pré-operatórios apropriados foram administrados para todos os pacientes. E a pomada antibiótica tópica com bacitracina (Nebacetin) foi aplicada rotineiramente na incisão cirúrgica esternal após o fechamento da pele para todos os pacientes durante esse período. A incidência de infecção da ferida esternal foi avaliada.
    Durante os nove anos de experiência, não foram observados episódios de infecções profundas da ferida esternal. A pomada com bacitracina foi bem tolerada pelos pacientes, sem efeitos adversos graves relatados.
    O uso de pomadas tópicas como medida local pode ser eficaz na prevenção de infecções do sítio cirúrgico por meio de vários mecanismos potenciais. A bacitracina apresenta atividade bactericida principalmente contra organismos gram-positivos, que são as bactérias predominantes isoladas de feridas esternais, e demonstrou eficácia contra Staphylococcus aureus resistente à meticilina. 
  Sua eficácia não depende de perfusão, viabilidade tecidual ou temperatura. Também foi demonstrado que antibióticos tópicos administrados no local cirúrgico atingem concentrações locais da droga cem vezes maiores do que o que é possível com antibióticos intravenosos. Isso permite potencialmente uma aplicação mais eficiente e direcionada ao mesmo tempo em que minimiza os potenciais efeitos a longo prazo da resistência a antibióticos a partir da absorção sistêmica. Além de fornecer propriedades antibacterianas, o próprio medicamento pode atuar como uma barreira mecânica adicional contra a semeadura microbiana, particularmente nas primeiras 24 horas de pós-operatório, quando a reepitelização da incisão está ocorrendo. Finalmente, a pomada de bacitracina é ideal para a profilaxia adjunta, devido ao seu custo mínimo, ampla disponibilidade, facilidade de uso e baixo perfil de eventos adversos.


Referência bibliográficas:
Chan MD, J, L et al. Routine Use of Topical Bacitracin to Prevent Sternal Wound Infections After Cardiac Surgery. The Annals of Thoracic Surgery
Volume 104, Issue 5, November 2017, Pages 1496-1500

Bula Nebacetin Anvisa
Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=21331052016&pIdAnexo=3776379.
Acesso em 9 de novembro de 2018.

Antibióticos sem receita existe? Sim! Quais são permitidos e quais as suas formas farmacêuticas?

   No Brasil dois antibióticos são isentos de prescrição médica, são eles bacitracina zíncica e neomicina. Esses dois antibióticos são comercializados em conjunto na forma de pomadas e são popularmente conhecidos como Nebacetin ou Cicatrene.

    Essa associação dos antibióticos inibe o crescimento de vários tipos de bactérias, principalmente as que costumam causar infecções de pele e de mucosas. Por isso, a pomada é eficaz para tratar e para prevenir infecções de pele e de mucosas causadas por bactérias e também para prevenir infecções de pele e/ou de mucosas após ferimentos, cortes (inclusive de cirurgias) e queimaduras pequenas.

Adicionar legenda

Antes da aplicação: Lavar a região afetada com água e sabão e secar cuidadosamente o local. Depois da aplicação, você pode proteger a região tratada com gaze.

Modo de usar: Aplique uma fina camada do produto, 2 a 5 vezes ao dia com o auxílio de uma gaze. Mantenha o tratamento por mais 2 a 3 dias, após os sintomas terem desaparecido. Para que não ocorra um excesso da absorção do medicamento para o sangue, quando se aplicar Nebacetin em grandes áreas ou queimaduras, o tratamento deve ser feito por poucos dias (no máximo 8-10 dias). 

O que são MIP’s? Para que serve? Como devo usar?

MIP's, saber para conhecer 

    Os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP) também chamados de medicamentos de venda livre
ou OTC (sigla inglesa de “over the counter”, cuja tradução literal é “sobre o balcão”) compõem uma categoria de medicamentos com uma característica singular: por não necessitarem de prescrição,
o usuário geralmente os utiliza sem qualquer orientação inicial de algum profissional prescritor.

Finalidade

  Geralmente, os MIP são indicados para doenças com alta morbidade e baixa gravidade e são considerados de elevada segurança de uso, eficácia comprovada cientificamente ou de uso tradicional reconhecido, de fácil utilização e baixo risco de abuso, como, por exemplo, os antiácidos, os analgésicos e os antitérmicos.
  Os MIP podem ser vendidos, comprados, solicitados, fornecidos, dispensados ou doados sem obrigatoriedade de nenhuma formalização de documento emitido por profissional legalmente habilitado para prescrevê-lo.
   Além disso, evidencia-se o crescente estabelecimento de uma cultura popular de que os MIP são produtos sem risco à saúde. O fácil acesso aos MIP torna-os diretamente atrelados à automedicação, prática comum, devida à dificuldade de atendimento médico (demora na marcação de consultas médicas, atendimento precário em pronto-socorros, etc.).
Esses fatores levam ao aumento da utilização irracional dessa categoria de medicamentos.

Orientações

   É nesse cenário que o papel do farmacêutico, enquanto profissional de saúde responsável pela orientação da utilização correta dos medicamentos, faz-se fundamental. Os MIP compõem uma categoria de medicamentos na qual a intervenção farmacêutica é o principal fator para o sucesso e a segurança da terapia.




Referências Bibliográficas:
Fascículo II - Medicamentos isentos de prescrição.
Organização Pan-Americana de Sáude e OMS.
Projeto: Farmácia Estabelecimento de Saúde.
http://portal.crfsp.org.br/phocadownload/fasciculo_ii_internet.pdf
Acesso em 7 de novembro de 2018.







sábado, 10 de novembro de 2018

#1 MIP em foco: Dipirona e suas diversas apresentações farmacêuticas e diferentes doses

    A dipirona é um medicamento analgésico, antipirético e espasmolítico, muito utilizado no tratamento de dores e febre, normalmente provocadas por gripes e resfriados.


    A dipirona pode ser comprada nas farmácias convencionais com nome comercial, como: Novalgina, Anador, Baralgin, Magnopyrol ou Nofebrin, sob a forma de gotas, comprimidos, supositório ou como solução injetável, por um preço que pode variar entre 2 a 20 reais, dependendo da dosagem e da forma de apresentação.


1. Para que serve
    A Dipirona está indicada para o tratamento da dor e da febre. Os efeitos analgésico e antipirético podem ser esperados em 30 a 60 minutos após a administração e geralmente duram cerca de 4 horas.

2. Como usar
    A posologia depende da forma farmacêutica que é utilizada:
Comprimido simples: A dose recomendada para adultos e adolescentes acima de 15 anos é de 1 a 2 comprimidos de 500 mg ou 1 comprimido de 1000 mg até 4 vezes ao dia. Este medicamento não deve ser mastigado.

Comprimido efervescente:O comprimido deve ser dissolvido em meio copo de água e deve-se beber imediatamente após o término da dissolução. A dose recomendada é de 1 comprimido até 4 vezes ao dia.

Solução oral 500 mg/mL:A dose recomendada para adultos e adolescentes acima de 15 anos é de 20 a 40 gotas em dose única ou até o máximo de 40 gotas, 4 vezes ao dia. Para crianças, a dose deve-se adaptar ao peso e idade, segundo a tabela a seguir:
Peso (média de idade) DoseGotas 
5 a 8 kg (3 a 11 meses) 
Dose única 
Dose máxima
2 a 5 gotas
20 (4 tomas x 5 gotas) 
9 a 15 kg (1 a 3 anos)
Dose única 
Dose máxima
3 a 10 gotas 
40 (4 tomas x 10 gotas) 
16 a 23 kg (4 a 6 anos) 
Dose única 
Dose máxima
5 a 15 gotas 
60 (4 tomas x 15 gotas) 
24 a 30 kg (7 a 9 anos)
Dose única 
Dose máxima
8 a 20 gotas
80 (4 tomas x 20 gotas) 
31 a 45 kg (10 a 12 anos) 
Dose única 
Dose máxima
10 a 30 gotas 
120 (4 tomas x 30 gotas) 
46 a 53 kg (13 a 14 anos) 
Dose única 
Dose máxima
15 a 35 gotas 
140 (4 tomadas x 35 gotas) 


Crianças menores de 3 meses de idade ou pesando menos de 5 kg não devem ser tratadas com Dipirona.

Solução oral 50 mg/mL:A dose recomendada para adultos e adolescentes acima de 15 anos é de 10 a 20 mL, em dose única ou até o máximo de 20 mL, 4 vezes ao dia. 

Para crianças, a dose deve ser administrada conforme peso e idade, conforme a tabela abaixo:
Peso (média de idade) DoseSolução oral (em mL)
5 a 8 kg (3 a 11 meses)
Dose única
Dose máxima
1,25 a 2,5
10 (4 tomas x 2,5 mL)
9 a15 kg (1 a 3 anos)
Dose única
Dose máxima
2,5 a 5 
20 (4 tomas x 5 mL) 
16 a 23 kg (4 a 6 anos) 
Dose única
Dose máxima
3,75 a 7,5 
30 (4 tomas x 7,5 mL) 
24 a 30 kg (7 a 9 anos) 
Dose única
Dose máxima
5 a 10 
40 (4 tomadas x 10 mL) 
31 a 45 kg (10 a 12 anos)
Dose única
Dose máxima
7,5 a 15 
60 (4 tomadas x 15 mL) 
46 a 53 kg (13 a 14 anos) 
Dose única
Dose máxima
8,75 a 17,5 
70 (4 tomadas x 17,5 mL)

Crianças menores de 3 meses de idade ou pesando menos de 5 kg não devem ser tratadas com Dipirona. 

Supositório:Os supositórios devem ser aplicados por via retal, da seguinte forma:
    Manter sempre a embalagem do supositório em local fresco;
Caso os supositórios se apresentem amolecidos pelo calor, deve-se mergulhar a embalagem de alumínio por alguns segundos em água gelada para que voltem à consistência original;
Seguindo o picote na embalagem de alumínio deve-se destacar apenas o supositório a ser utilizado;
Antes de aplicar o supositório, deve-se lavar bem as mãos e, se possível, desinfetá-las com álcool;
Com o dedo polegar e o indicador, deve-se afastar as nádegas e introduzir o supositório no orifício anal e de seguida, comprimir suavemente uma nádega contra a outra, durante alguns segundos, para evitar que o supositório volte.
    A dose recomendada é de 1 supositório, até 4 vezes ao dia. Se o efeito de uma única dose for insuficiente ou após o efeito analgésico ter diminuído, a dose pode ser repetida respeitando-se a posologia e a dose máxima diária.

Solução injetável:A dipirona injetável pode ser administrada por via intravenosa ou intramuscular, com a pessoa deitada e sob supervisão médica. Além disto, a administração intravenosa deve ser muito lenta, a uma velocidade de infusão que não exceda 500 mg de dipirona por minuto, para prevenir reações hipotensivas.
    A dose recomendada em adultos e adolescentes acima de 15 anos é de 2 a 5 mL em dose única, até uma dose máxima diária de 10 mL. Em crianças e lactentes, a dose recomendada depende do peso, como representado na seguinte tabela:
PesoDose (em mL)
Lactentes de 5 a 8 kg 0,1 - 0,2 mL 
Crianças de 9 a 15 kg0,2 - 0,5 mL
Crianças de 16 a 23 kg 0,3 - 0,8 mL 
Crianças de 24 a 30 kg 0,4 - 1,0 mL 
Crianças de 31 a 45 kg 0,5 - 1,5 mL
Crianças de 46 a 53 kg 0,8 - 1,8 mL 
Caso a administração parenteral de dipirona seja considerada em lactentes de 5 a 8 kg, deve-se utilizar apenas a via intramuscular.

3. Efeitos Colaterais
    Os efeitos colaterais da Dipirona incluem urticária, pressão baixa, distúrbios renais e urinários, distúrbios vasculares e reação alérgica grave.
Quem não deve usar
    A Dipirona está contraindicada na gravidez, amamentação e em pessoas com alergia à dipirona sódica ou a qualquer um dos componentes da fórmula, asma, porfiria aguda do fígado intermitente e deficiência congênita da glicose-6-fosfato-desidrogenase.
    Pacientes que tenham desenvolvido broncoespasmo ou outras reações anafiláticas com analgésicos, tais como salicilatos, paracetamol, diclofenaco, ibuprofeno, indometacina e naproxeno, também não devem ingerir dipirona sódica.

Adicionar legenda
OBS: A Dipirona Sódica (nome genérico de Novalgina, etc.), passou a se chamar em Março 2012 de Dipirona Monoidratada ou Mono-Hidratada (altera-se a diferença do nome dependendo do laboratório). O conteúdo do produto é o mesmo só mudou de nome por determinação da Anvisa. Então ao comprar o produto não se estranhe a embalagem!


Dipirona é um medicamento e pode ser encontrada em farmácias de todo o Brasil. Antes de fazer a administração do medicamento, consulte um médico ou farmacêutico e evite a automedicação.



Referências bibliográficas:

http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=24854142016&pIdAnexo=4018378
Acesso em 10 de novembro de 2018.

https://www.novalgina.com.br/sobre.html
Acesso em 10 de novembro de 2018.

Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Vigilância em Saúde. Dengue - diagnóstico e manejo clínico (adulto e criança). [Internet]. Brasíilia-DF: 5ºedição; 2016. [acesso em 2017 mai 24]. Disponível em: http://www.saude.go.gov.br/public/media/ZgUINSpZiwmbr3/10900120219262619909.pdf

Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Vigilância em Saúde. Febre de Chikungunya-manejo clínico. [Internet]. Brasília-DF; 2015. [acesso em 2017 mai 30]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/febre_chikungunya_manejo_clinico.pdf

Sociedade Brasileira de Infectologia. Guia de manejo da infecção pelo vírus zika. [Internet]. [acesso em 2017 jun 05]. Disponível em: https://www.infectologia.org.br/admin/zcloud/125/2016/07/Guia_Manejo_Zika_SBI.pdf

Novalgina. [Bula]. Suzano – SP: Sanofi – Aventis Farmacêutica LTDA; 2017.

Wong A, Sibbald A, Ferrero F, et al. Antipyretic effects of dipyrone versus ibuprofen versus acetaminophen in children: results of a multinational, randomized, modified double-blind study. Clin Pediatr (Phila). 2001;40(6):313-324.

Jiménez JG, Patino RF, Vera JC, et al. Clinical Efficacy of Mild Analgesics in Pain Following Gynaecological or Dental Surgery : Report on Multicentre Studies.Br J clin Pharmac. 1980; 10: 355S-358S.

Regularização de Produtos: Lista de Medicamentos Isentos de Prescrição

Regularização de Produtos - Medicamentos
Lista de Medicamentos Isentos de Prescrição

INSTRUÇÃO NORMATIVA – I.N. nº 11, de 29 de setembro de 2016.
[Publicada no D.O.U. nº 189, Seção 1, p. 99, de 30/09/2016]
Dispõe sobre a lista de medicamentos isentos de prescrição.

    A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso das atribuições que lhe conferem o art.15, III e IV aliado ao art. 7º, III e IV, da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, o art. 53, VI, §§ 1º e 3º do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n° 61, de 3 de fevereiro de 2016, em reunião realizada em 20 de setembro de 2016, resolve:

Art. 1º. Fica instituída a lista de medicamentos isentos de prescrição – LMIP nos termos do art. 10 da Resolução da Diretoria Colegiada - RDC N° 98, de 1º de agosto de 2016.

Art. 2º. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

JARBAS BARBOSA DA SILVA JÚNIOR
Diretor-Presidente

ANEXO

Curiosidades sobre medicamentos e suas apresentações farmacêuticas

  • Cápsulas líquidas:
É um líquido envolto de um cápsula gelatinosa. Por não ser um comprimido, sua ação é mais rápida que a de outros medicamentos. Isso porque, as cápsulas líquidas se rompem rapidamente ao entrar em contato com o seu organismo, isso faz com que o composto seja liberado com mais eficiência e absorvido mais rapidamente. Remédios em comprimidos precisam ser digeridos para terem seus compostos absorvidos.
    Além disso, cápsulas líquidas são mais fáceis de ingerir e não deixam gosto na boca.

Exemplo de MIP em cápsulas líquidas.



  • Comprimidos, drágeas e cápsulas:
Comprimidos: forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtidas através de compressão. Pode ser de uma ampla variedade de formatos e tamanhos e apresentar marcações na superfície.

Cápsulas: forma farmacêutica sólida no qual o princípio ativo ou excipientes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de formatos e tamanhos variados. Normalmente esse invólucro é formado de gelatina, mas também pode ser de amido ou outras substâncias;

Drágeas: forma farmacêutica sólida cujo núcleo é um comprimido, que passou por um processo de revestimento com açúcar e corante, processo denominado drageamento. 




  • Dipirona x Paracetamol
    Os dois são potentes analgésicos e antipiréticos, ou seja, atuam no combate da dor e febre. Mas existem algumas entre eles devendo levar em conta qual tem mais segurança, em relação a efeitos adversos que podem provocar.

Paracetamol: Este medicamento é uma opção segura, de uma forma geral, para todos os pacientes, independente de idade, desde que usado em doses terapêuticas (ou seja, nem abaixo do recomendado - assim não fará efeito desejado; nem acima - podendo levar a uma intoxicação).
    Pessoas com problemas no fígado devem ter cuidado maior quando foi utilizar o medicamento. Sabe-se que quando for usado em doses altas e/ou o tratamento for a longo prazo este medicamento pode causar problemas hepáticos. Portanto, pessoas que possuem algum tipo de problema no fígado, são fãs de bebidas alcoólicas e tomam uma série de medicamentos de uso contínuo devem prestar mais atenção quando usar esse medicamento.

Dipirona: A dipirona é tão eficaz quanto o paracetamol, porém tem sido o medicamento de segunda escolha pelos médicos. Inclusive a dipirona é proibida em alguns países devido ao seu histórico de problemas sanguíneos, como anemia aplástica, agranulocitose além de reações dermatológicas e distúrbios gastrointestinais.

Comparando-se um e outro, algumas evidências:
  • O perfil de segurança do paracetamol é maior, por isso é o medicamento de primeira escolha;
  • Paracetamol é útil no manejo de dor e febre e pacientes de todas as idades, desde que usado em doses terapêuticas;
  • Pacientes devem ser educados em relação ao limite da utilização do paracetamol em condições de alto risco;
  • Os problemas sanguíneos relacionados ao uso da dipirona são raros, porém é independente da dose, por isso de difícil prevenção, sendo assim não deve ser utilizado como primeira escolha. 


Pesquisa sobre o uso dos dois medicamentos no controle de dor pós-operatória:
Acesso:7 de novembro de 2018.

No dia a dia da farmácia todos os dois são amplamente vendidos. Todo medicamento pode apresentar efeitos adversos e deve ser utilizado com cuidado e sempre sob orientação de um profissional de saúde. Converse com meu médico ou farmacêutico e veja qual dos dois é o mais indicado no seu caso, jamais o utilize por conta própria. 

  • Dipirona sódica x dipirona monoidratada:
    Uma imagem vale mais do que mil palavras!


  • Medicamento mais vendido no Brasil em 2017:
    Campeão de vendas em unidades, o descongestionante nasal Neosoro foi o remédio mais vendido de 2017, de acordo com auditoria de mercado realizada pela IQVIA. Fabricado pela Neo Química, o medicamento é conhecido por ser “viciante” – a internet tem até tutoriais com passos para abandonar a dependência.

   O medicamento ficou na frente do Glifage, indicado para tratamentos de diabetes, mas que está no meio de polêmica por ser usado para emagrecer. Completando o ranking, em terceiro lugar, o remédio para hipertensão Losartana Potássica.
   Em relação à receita arrecadada, o Dorflex ficou em primeiro lugar – o dado é interessante, uma vez que a cada dez comprimidos do medicamento o valor custa aproximadamente R$ 5. O Xarelto, usado para tratar trombose, pode ser encontrado em preços por volta dos R$ 240, e ficou em segundo lugar. Na posição seguinte, está o Addera D3, utilizado no tratamento de osteoporose. Sai a cerca de R$ 21.
   O inusitado é, na verdade, o último lugar da lista. O Annita, manipulado para combater vermes e no tratamento de diarreia, é o décimo medicamento mais rentável do país.